ATA DA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA NONA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, EM PRORROGAÇÃO, DA NONA LEGISLATURA, EM 19.01.1987.
Aos dezenove dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuni-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Oitava Sessão Ordinária da Nona Sessão Legislativa Extraordinária, em prorrogação, da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleon Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nei Lima, Paulo Sant’Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco e Wilson Santos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Hermes Dutra que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sétima Sessão Ordinária, que foi aprovada, após Pedido de Retificação da Verª. Teresinha Chaise, solicitando que onde conste, na folha 02, “da Verª. Teresinha Chaise, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n.º 96/86 seja dispensado de distribuição em avulsos...”, passe a constar “do Ver. Ignácio Neis, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo n.º 96/86 seja dispensado de distribuição em avulsos...”. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs. 461/86; 19; 24; 27; 28; 29/87, do Sr. Prefeito Municipal. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em votação foi aprovada a Redação Final ao Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 12/86. Em discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n.º 88/86, com Mensagem Retificada, após ter sido discutido pelos Vereadores Clóvis Brum, Elói Guimarães e Pedro Ruas. Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Pedro Ruas, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n.º 88/86 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em PAUTA, Discussão Preliminar esteve, em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução n.º 01/87, discutido pelo Ver. Isaac Ainhorn. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Ver. Frederico Barbosa falou sobre os problemas enfrentados pelos moradores de Belém Novo, destacando o estado precário de suas ruas e praças, e lamentando a falta de providências do Executivo Municipal quanto ao assunto. Criticou a atuação do Prefeito Alceu Collares no que se refere à conservação de ruas e praças em Porto Alegre. O Ver. Nei Lima discorreu acerca do abandono em que se encontra a Zona Sul da Cidade, destacando os problemas que vem apresentando a SMAN quanto à falta de conservação das ruas e praças do Município. Reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Frederico Barbosa, relativo às dificuldades enfrentadas pela comunidade de Belém Novo, em face da má conservação daquele bairro, falando a respeito. O Ver. Hermes Dutra analisou a gradativa diminuição do poder econômico da classe média brasileira, resultante da atual política federal para a economia da Nação, salientando aspectos da questão, como o Pleno Cruzado e a tabela do Imposto de Renda a ser adotada no País. O Ver. Isaac Ainhorn teceu comentários acerca de cobrança de taxas, iniciada após o Plano Cruzado, sobre serviços prestados pelos bancos, salientando que, com o término do congelamento, estes custos perdem a razão pela qual foram e portanto deveriam ser extinguidos, dizendo esperar que tal medida seja tomada pelo Banco Central. E o Ver. Elói Guimarães discorreu acerca da política econômica do Governo Federal, declarando que em momento algum a população brasileira teve um salário mínimo tão reduzido, analisando a questão. Falou sobre a instalação da Assembléia Nacional Constituinte, destacando que questões como as eleições diretas para a Presidência da República e melhorias sociais têm sido esquecidas pela Nova república. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e dez minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Chaise e Gladis Mantelli, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Havendo
número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.
Solicito ao Sr. Hermes Dutra que proceda à leitura de trecho da Bíblia.
O SR. HERMES DUTRA: (Lê.)
“Mas, eis que conheço os
vossos pensamentos,
e os juízos que idealizais contra mim!”
O SR. PRESIDENTE: A Sra. 1ª Secretária
procederá à leitura da Ata da Sessão anterior.
(A Sra. 1ª Secretária lê.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: A Ver.ª Teresinha Chaise
solicita que seja feita a seguinte retificação: O Requerimento solicitando que
o PLL n.º 96/86 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para
sua Redação Final não é de sua autoria, mas, sim, do Ver. Ignácio Neis.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Chaise): Em
votação a Ata da 7ª Sessão Ordinária. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Sra. 1ª Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Não há material encaminhado
à Mesa, Sra. Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: Solicito à Sra. 1ª
Secretária que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para nova
verificação de “quorum”.
(É procedida a chamada.)
A SRA. PRESIDENTE: Há “quorum”. Passamos à
PROC. 2670 – REDAÇÃO FINAL ao PROJETO DE LEI
COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 12/86, que isenta do Pagamento de IPTU e Taxa de Coleta de
Lixo e dá outras providências.
Parecer à Redação Final. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela aprovação com Emenda de sua autoria deferida pelo Senhor Presidente, nos termos do artigo 128, parágrafo 4º, do Regimento Interno.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação a Redação final,
com a Emenda proposta. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA.
(Adiado por três Sessões)
PROC. 2725 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 88/86, que autoriza a subscrever
ações, em aumento de capital, da Companhia Carris Porto-Alegrense, autoriza a
abertura de créditos adicionais e dá outras providências, com Mensagem
Retificativa.
- da CJR. Relator, Ver. Luiz Braz: pela
tramitação;
- da CFO. Relator, Ver. Jorge Goularte: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Pedro Ruas: pela
tramitação;
- da CEDECON. Relator, Ver. Jaques Machado:
pela aprovação.
- da CJR. Relator, Ver. Luiz Braz: pela
tramitação;
- da CFO. Relator, Ver. Raul Casa: pela
aprovação, quanto ao aspecto financeiro;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Frederico
Barbosa: pela aprovação; e
- da CEDECON. Relator, Ver. Jaques Machado:
pela tramitação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Para
discutir, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, mais uma vez estamos às voltas com a remessa de dinheiro para a
Cia. Carris. O pior é que a Carris anda atendendo mal a nossa Cidade. Anda
atendendo mal porque sobre várias linhas de ônibus da Cia. Carris começam a
receber reclamações de mau atendimento; reclamações de que as pessoas ficam por
longo tempo nas paradas – principalmente do T-1 – à espera do transporte
coletivo. Não vejo aqui, hoje, como é de praxe, diretores da Cia. Carris
Porto-Alegrense e não vejo o por quê da ausência. Efetivamente, o seu Diretor
teria muito que justificar e esclarecer a esta Casa e à população que anda mal
servida pela Carris. Eu vi, sim, o zeloso, competente Diretor do DMLU presente
nesta Casa, acompanhando a votação dos projetos daquele Departamento, não
apenas acompanhando, muito mais do que isso, justificando, explicando as razões
dos dois projetos que a Casa aprovou em benefício do DMLU. No entretanto, no
caso da Carris, me parece mais complexo. Nem o Diretor da Carris explicou
baseado em que e por que mantêm linhas no Município de Viamão e não atende,
aqui, no Município de Porto Alegre, onde há obrigação de a Carris atender. E
agora, como em todas as ocasiões passadas, votamos mais dinheiro para a Carris.
Aumento de capital é o rótulo usado pelo Projeto do Executivo para jogar-se
mais dinheiro na Carris. Pois que seja esse o apelido dado ao presente Projeto,
mas uma coisa é certa: anda mal a Carris. Na discussão deste Projeto, que
acabou tendo adiada a sua votação, havíamos questionado alguma coisa sobre o
atendimento, ou melhor, à falta de um melhor atendimento da Cia. Carris, onde
questionávamos, também, junto com a Liderança do PT, o porquê do atendimento à
população de Viamão, Ver. Jorge Goularte, e o mau atendimento a muitas linhas
de Porto Alegre, que é justamente a área de jurisdição da companhia Carris. Ou,
por acaso, os moradores de Viamão pagam Imposto Predial, pagam as taxas no
Município de Porto Alegre? Por que, em última análise, quem mantém a Carris é o
contribuinte do Município de Porto Alegre. não vejo razões! Sou da seguinte
opinião: quem não estiver interessado em Cia. Carris que saia da sala. Estamos
aqui para discutir o Projeto da Carris. Caso contrário, vamos fazer “ouvidos de
mercador”. Duas ou três pessoas que não estão interessados no Projeto ficam
fazendo “zum-zum” para que não se discuta com clareza o assunto. Este é um
lugar de discussão, sim! Quem não estiver interessado na discussão do Projeto,
que se retire deste local. Eu não posso discutir esse Projeto fora deste local.
Se pudesse discutir o Projeto da Carris, que tenho que votar daqui a minutos,
iria discuti-lo na Casa de alguém, ou sairia daqui para discutir com algum
parente de alguém. Mas, o que não posso é sair daqui para discutir, pois tenho
que discutir aqui o Projeto. Ou será que estão querendo sonegar que a Carris
está trabalhando mal?
Atender a Viamão não é da competência da Carris. Pedimos ao Sr.
Prefeito e ao Sr. Presidente daquela companhia que informassem a Casa quais as
razões, qual o ordenamento jurídico que deu amparo à Carris para que ela
retirasse ônibus da Capital e os colocasse em outro município. Baseado em quê?
Mas essas perguntas não foram respondidas. A Companhia Carris não está
atendendo bem e leva mais dinheiro. Então, ficamos assim: se votarmos contra,
somos contra a Carris, queremos que a Carris feche para dar lugar às empresas
particulares; se votamos a favor, em primeiro lugar é porque queremos...
Mais uma vez peço desculpas se estou atrapalhando o assunto de algum
companheiro ou de alguém da galeria. Mas, sou obrigado a incomodá-lo porque
temos que debater este assunto e votar. Então, peço desculpas, pois a Mesa não
está tomando este cuidado e estou sendo violentado no meu raciocínio, pois
quero conduzir o assunto e sou violentado por este “zum-zum” que se forma.
O Sr. Ignácio Neis: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sobre o que V.Exa. está dizendo, devo ter feito
“zum-zum”. Mas estamos decidindo sobre o que V.Exa. está dizendo; se votarmos
assim como está dizendo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Quero dar a minha
solidariedade ao espírito de classe da Bancada da Frente Liberal que examina
com profundidade o assunto. Mas o que queria dizer, Ver. Ignácio Neis, é que
vamos acabar votando a favor da Carris, porque queremos a Carris cada vez mais
forte. Como tem aquela propaganda da Caixa Econômica Estadual: “A Carris é
coisa nossa.” Mas uma coisa é certa, não anda bem.
O SR. ISAAC AINHORN: A Carris não é coisa nossa.
É do povo. V.Exa. me assegura o aparte?
O SR. CLÓVIS BRUM: Darei oportunamente.
(Aparte paralelo do Ver. Isaac Ainhorn.)
Não dei o aparte ao Ver. Isaac Ainhorn, Sra. Presidente, e acabou-se o
assunto. Eu gostaria de ouvir o aparte do Ver. Isaac Ainhorn, mas ele sai
atropelando, parece até que veio da Carris agora, atropelando os limites do
Município. Em lugar de atender aqui, vai atender em Viamão. É na Vila Bom Jesus
que a Carris está atendendo mal. Quando os ônibus passam na Vila Bom Jesus,
Chácara das Pedras e outras, não há mais lugar; a população fica esperando meia
hora. E a Carris está com sua frota exatamente onde?
A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Aranha Filho se
inscreve e cede o tempo a V.Exa. Como o Ver. Elói Guimarães está inscrito,
gostaria de saber se S.Exa. concorda em que V.Exa. continue na tribuna.
(Assentimento do Ver. Elói Guimarães.)
Com a concordância do Ver. Elói Guimarães, continua com a palavra
V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Quero, mais uma vez,
referir-me ao Ver. Elói Guimarães, que não se agradece, mas se cumprimenta pela
atitude manifestamente democrática. Ao Ver. Aranha Filho, sim, muito obrigado
pela atenção para com este Vereador cedendo o deu tempo.
Mas eu dizia, e citei só um exemplo porque não dá para citar outros:
teria que saber se a Cia. Carris está atendendo Viamão ou se está atendendo
mal.Quando digo que a Carris é coisa nossa, quando digo que o DMAE é coisa
nossa, estou a referir-me que não são órgãos do Município que devem ser
preservados. Aqui eu já citei uma frase, mas não sei de quem foi, que quando há
discussão, Ver. Isaac Ainhorn, quando há críticas, não é ofensa. Mas quando
houver a ofensa, deixa se existir o debate, e da maneira pela qual falo é no
sentido de fazer crítica: se a Cia. Carris não informou corretamente porque
opera em Viamão quando em Porto Alegre é deficitária no sentido do atendimento,
não do usuário, que este tem para mais. É necessário fazer a crítica para que
os Anais registrem. Amanhã quando está Companhia não funcionar mais, alguém
saiba que não foi o Ver. Clóvis Brum, nem o PMDB, que desencaminhou, que
trabalhou contra, que não deu recursos. Nós apontamos opções, nós votamos por
recursos para a Carris, nós apontamos as falhas. Mas ninguém nos ouviu. E o
pior é aquele que ouve e não quer ouvir! Este é lamentável.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu informo à Mesa que continuarei ouvindo
educadamente aquilo que o Ver. Clóvis Brum tem a dizer, muito embora não
concorde. Mas, como democrata, eu respeito as críticas e as ouço atentamente.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato. Eis que o Ver.
acabou dando um aparte que é um elogio a este Vereador, até de maneira
imerecida. Eu me considero um homem desprovido de grandes luzes, com
referências às atividades desta Casa. Uma coisa sei: que durante os longos sete
anos em que aqui estou, todos os anos eu voto a favor de um recurso a mais para
a Carris, e o faço de coração! Eu sou um Vereador, amo esta Cidade e as coisas
desta Cidade, dentre as quais a Cia. Carris. Se eu pedi providências, se eu
questiono, é no sentido de que a Carris esteja cada vez mais dentro das suas
finalidades. Como eu posso ficar contente, sabendo que o munícipe paga os
impostos, as taxas, o Vereador, o Prefeito, os Diretores da Carris, os seus
funcionários e este povo, às vezes, é mal atendido pela Carris, enquanto ela
está com uma frota de ônibus atendendo em outro município e, na verdade, tinha
que atender, com exclusividade, Porto Alegre? Esta é a crítica que
apresentamos. Nós não somos contra a Cia. Carris Porto-Alegrense. Somos
defensores, não da existência da Carris apenas como empresa do transporte
coletivo, mas somos defensores de que ela, um dia, possa atingir, no mínimo,
60% da frota da Capital. Mas uma pergunta que me preocupou, Vereadores Jorge
Goularte e Isaac Ainhorn uma pergunta para a qual não obtivemos resposta, a
Casa não teve resposta. A Cia. Carris, com esse aumento da frota, quer cobrir
40% da frota de Porto Alegre. e nós perguntávamos quais as linhas que seriam
ampliadas, onde surgirão novas linhas, onde serão criadas novas linhas.
Perguntávamos, também, como ficam as linhas de Viamão. Serão desarticuladas e
seus ônibus virão para Porto Alegre, como deve ser? Para estas perguntas, no
entanto, não obtivemos respostas.
Mas uma coisa é importante. Aqueles que pensam que o povo não vai
saber, um dia, da verdadeira história da sua cidade, estão enganados. Um dia,
nossos filhos haverão de ler a história da Cidade, e os Anais desta Casa
mostrarão as críticas à Cia. Carris. E quando os últimos ônibus da Carris
estiverem destruídos, ou melhor, completamente desativados e a Companhia
fechar, hão de saber que não o foi por conta e risco desta Casa, porque esta
Casa sempre aprovou recursos à Cia. Carris. O que teria causado, então,
perguntarão nossos filhos, a derrocada da Cia. Carris? Saberão, então, que foi
o mau uso, a má administração da Companhia que, em não se preocupando com o
transporte coletivo da Capital, foi preocupar-se com o transporte de outro
Município. Tenho certeza de que, daqui a alguns minutos, Vereadores do PDT
virão aqui na tribuna dizer “O Ver. Clóvis Brum está equivocado, não é bem
assim. Ele não entendeu o espírito do Projeto, o Prefeito já falou, mas ele não
prestou atenção, o Líder já comentou o assunto mas ele não entendeu, é um
desinformado, o que se está fazendo é prestar um serviço de utilidade pública
no transporte de Viamão. “É brincadeira! Esta é a resposta que a Bancada do
Ver. Ennio Terra dará daqui a pouco. “O PMDB só quer o pior; só destruir”. Não
é nada disso! Em primeiro lugar, o PMDB vota favorável, viemos votando há
tantos anos favorável a esse dinheiro, Ver. Lauro Hagemann, e V.Exa. tem sido
um amante da defesa do patrimônio do Município. Não será agora que se irá votar
contra, mas as indagações foram feitas, neste Plenário, e o Prefeito e o
Diretor da Carris fizeram “ouvidos de mercador.”
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ao que consta este caso está “sub judicie”. Há uma
ação da empresa de Viamão contra a Carris por estar invadindo território de
outro Município. Como não há ainda uma decisão desta matéria, V.Exa. anda bem
quando indaga e pede para que sejam nossas linhas fortalecidas. Para que, as
linhas T- modéstia à parte sugestão deste Vereador – sejam aumentadas para que
a nossa população tenha atendimento melhor. A Companhia é Porto-Alegrense. É
Cia. Carris Porto-Alegrense e não Viamonense.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V.Exa. Concluo
encaminhando, Ver. Isaac Ainhorn, pela
aprovação do Projeto, com Declaração de Voto. Temos que votar favorável. A
Carris não pode ficar sem esses recursos. Agora espero que o Prefeito e o
Diretor da Carris, como homens educados, como homens responsáveis enviem para
esta Casa, resgatando o bom nome da administração pública, as informações que a
Casa pediu e que até agora não chegaram. Quais serão as linhas, qual o número
de ônibus, itinerário por cujos lados se haverá de ocupar 40% da frota do
transporte coletivo da Capital. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Com
a palavra, por dez minutos, o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Ouvimos, aqui, atentamente, as manifestações do Líder do PMDB, Ver.
Clóvis Brum, que, analisando a matéria, conclui por votar favoravelmente. Nem
poderíamos esperar, de parte de S.Exa. e de sua Bancada, comportamento
diferente posto que, talvez, a única empresa pública que possui o Município é a
Carris. A Carris simboliza, para nós, um momento e um estágio que queremos ver
implantado neste País senão neste País, pelo menos no Município, no Estado, que
é exatamente, o transporte coletivo, Ver. Clóvis Brum, sendo feito por uma
empresa estatal. A Cia. Carris é uma empresa do povo de Porto Alegre, é
patrimônio do povo de Porto Alegre, do povo para o povo.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Já lhe concedo, até porque chamei V.Exa. ao debate.
Mas a Cia. Carris é uma empresa do povo para o povo, e todos sabemos, não lhe
são dados os melhores itinerários talvez alguns, mas na sua maioria – e o Ver.
Jorge Goularte sabe disso – à Cia. Carris não se dão os melhores itinerários,
as melhores linhas, por uma visão, talvez equivocada, de privilegiar-se os
interesses privados, talvez por uma visão ideológica de determinado momento
histórico, um determinado estágio político do País, do Município. Então, houve
uma visão privatista.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Já concedo. Nossa sociedade
trata a estatização por exceção e a iniciativa privada por regra. Também não
significa dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que estatização é uma
socialização. Não, absolutamente não! A estatização é uma gestão feita pelo
poder público que, regra geral, observa os ditames do próprio capitalismo.
É uma matéria tranqüila a subscrição de ações, posto que – e é bom que
se diga – a Companhia Carris, a partir de atual administração, mercê de uma
política austera, conforme balanços e balancetes, à disposição de todos e do
conhecimento dos Srs. Vereadores, baixou seu “déficit”. A tendência, em nosso
País, é o “déficit” crescer. Pois bem: a Carris, na administração Collares,
teve seu “déficit” diminuído e isso significa dizer que aquela Companhia
melhorou. A Carris, nos limites de suas possibilidades, continua a prestar o
seu serviço à comunidade Porto-Alegrense, diga-se de passagem, não fora a
Carris no, episódio da greve dos empresários, não fora a Carris como
instrumento de defesa do Município e do povo - porque a Carris é do povo e para
o povo – o que restaria aos passageiros, aos trabalhadores de Porto Alegre?
Pois a Carris, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, foi o instrumento de
que dispôs o Município para enfrentar a greve.
Então, a Carris presta à nossa Cidade e ao nosso Município um serviço
relevante, cujos recursos a Casa já manifestou por outros oradores que me
antecedem e que me sucederão – a Casa não negará. À Carris não serão negados
recursos, mormente, quando ela sai prestigiada no episódio último onde os
empresários do transporte coletivo manipulam a greve que se fez em Porto
Alegre, oportunidade em que o Prefeito Municipal deu uma grande demonstração de
capacidade política no gerenciamento dos interesses da Cidade de Porto Alegre,
fato, lamentavelmente, que não mereceu o destaque que se impunha. O Prefeito
Municipal, o Secretário Municipal dos Transportes e a Cia. Carris tiveram
atitudes estóicas em Porto Alegre. Houve notícias em todo o Brasil, mas não
houve o destaque que se impunha, aqui, num momento de tamanha gravidade como
aquele em que a Cidade paralisou.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de agradecer ao seu pronunciamento duas
preocupações. Primeira: um cidadão que está ouvindo os debates desta Casa nas
galerias informou-me que, Sábado, ele esperou duas horas por um ônibus T-2.
Segunda: é questionar. Quem sabe V.Exa. nos esclareça por que razões a Cia.
Carris realiza o transporte coletivo em Viamão? Gostaria de saber.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Inicialmente, devo dizer que
não há nenhum dúvida ao cidadão que acompanha os debates e que traz esta
reclamação à Casa pelo aparte de V.Exa. E aí entramos noutra questão do debate,
que é exatamente a regularidade, é o debate que se pode fazer aqui, do horário
dos transportes que estão sendo feitos em Porto Alegre. Quero dizer a V.Exa., e
com absoluta isenção, que há uma série de reclamações em Porto Alegre, sobre o
cumprimento do horário.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queria fazer um pequeno adendo ao comentário de
V.Exa. Não sei quem inventou esta história de que a Carris tem linhas deficitárias.
Ela até tem linhas muito boas. O problema do “déficit” da Carris é outra
questão, que, aliás, devemos discutir a fundo. É porque a Carris tem um custo
maior que as outras empresas. Eu até vou pedir ao Executivo que informe, para
esclarecer de vez, para tirar essa falsa imagem que se criou, de que a Carris
opera linha deficitária. Talvez opere uma que outra, mas posso assegurar a
V.Exa. que as linhas da Carris são muito boas.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu não afirmei que a Carris
opera linha deficitária.
O Sr. Hermes Dutra: Então eu ouvi mal.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Tenho um grande apreço por
V.Exa. e por sua integridade; o que eu disse é que no conjunto de linhas, à
Carris tocam, não são as melhores linhas, não são os melhores itinerários. Esta
foi a minha afirmação. Não é que as linhas sejam deficitárias, e sim que, entre
as diferentes linhas, a malha viária de Porto Alegre, à Carris não se dão as
melhores. O “filé”, de modo geral, não se dá à Carris.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Getúlio Brizola se
inscreveu e comunicou que passaria o tempo para V.Exa., com a aprovação dos
anteriores inscritos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço ao Ver. Getúlio
Brizola, e, se necessário for, eu aproveitarei o seu tempo e encerro por aqui,
porque se trata de uma matéria mansa e pacífica e não vou tomar o tempo dos
Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Pedro
Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. No curto espaço de tempo em que utilizamos esta tribuna,
gostaríamos das fazer referência sobre o que foi dito pelo Ver. Clóvis Brum,
Líder do PMDB nesta Casa, a respeito do Projeto ora em discussão. Não é
verdade, Ver. Clóvis Brum, que as críticas da Oposição, nesta Casa, sejam mal
recebidas pela Bancada do PDT. Eventualmente se discute, é verdadeiro objetivo
de determinadas críticas, mas, quando discutidas sob este aspecto, sempre são
minoria. Em sua imensa maioria, as críticas das Bancadas de Oposição têm um
caráter reconhecidamente construtivo e é o caso, temos certeza, do
pronunciamento de V.Exa. e das dúvidas levantadas com relação a este Projeto,
especificamente. Gostaríamos de dizer, não só à Bancada do PMDB, mas a todas as
outras que têm assento nesta Casa, que não há dúvida nenhuma de que é muito
importante o aumento do capital da Carris, pelos projetos que a sua Direção tem
em elaboração e pretende a aprovação para benefício da população de Porto
Alegre. Para nós, da Bancada do PDT, é importantíssimo que se consiga a
aprovação do Projeto. Agora, não há menor dúvida de que correções podem e devem
ser feitas eventualmente e estas correções, muitas vezes, ocorrem a partir de
críticas, de análises bem feitas. Sugestões de modificações, Ver. Clóvis Brum,
sempre serão bem-vindas à nossa Bancada.
Foi enfatizado pelos que nos antecederam a necessidade de aprovação do
Projeto em benefício dos usuários do transporte coletivo. No nosso
entendimento, tais recursos são necessários à aprovação, ou melhor, ao
atendimento da população de Porto Alegre. Nisso estamos de acordo, as Bancadas
de Situação e Oposição, na certeza de que as sugestões que têm por objetivo a
melhoria dos projetos que tramitam por esta Casa, serão acolhidas, bem-vindas
e, principalmente, necessárias.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. fala como um verdadeiro Vice-Líder da sua
Bancada. Não fala como Líder porque não o é. Realmente, é um homem consciente
daquilo que sente, daquilo que diz e fala. Se V.Exa. pudesse honrar, não este
Vereador, mas a Casa que V.Exa. integra com grande potencial de trabalho,
V.Exa. traria a esta Casa a informação que até agora nem o Diretor da Carris
nem o Prefeito deram, sobre onde vai operar esses 40,2% da frota da empresa
Carris, itinerários, locais, ampliação de linhas. Esses dados haverão de
tranqüilizar a população que vive angustiada com o problema da falta de
cumprimento de horário de linhas como a T1 e a T2. Uma outra indagação, nos
valendo de deu respeitável conhecimento jurídico é de que informasse à Casa com
que fundamento legal a Carris realiza, hoje, o transporte coletivo em Viamão,
fora do Município de Porto Alegre, com problemas aqui em Porto Alegre. Essas
questões V.Exa. poderia, juntamente com Executivo, esclarecer a esta Casa,
mesmo depois da votação até por um dever de bom administrador que é, tanto o Prefeito como Diretor da Carris, uma
vez satisfeitas todas as indagações que até agora não o foram.
O SR. PEDRO RUAS: Agradeço e digo-lhe que o
que estiver ao meu alcance será feito para que a agilização desses Pedidos de
Informações ocorram, e que as respostas cheguem na medida em que forem
solicitadas por Vereadores desta Casa. Encerro, repetindo que a consciência da
aprovação deste Projeto passa a ter, como decorrência natural, a unanimidade de
sua votação. Agradeço, ao final, as sugestões, as modificações e mesmo os PIs,
que têm por objetivo maior esclarecer a Casa e à população de Porto Alegre.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação o PLE n.º 88/86, com Mensagem Retificativa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Caio
Lustosa.
Sobre a Mesa, Requerimento de autoria do Ver. Pedro Ruas, solicitando
seja o PLE n.º 88/86 dispensando de distribuição em avulsos e interstício para
sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 0079 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 01/87, da Mesa, que autoriza o
Presidente da Câmara Municipal a ingressar em Juízo.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para
discutir, o Ver. Isaac Ainhorn, por dizer dez minutos.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores trata-se do nosso apoio ao presente Projeto de Resolução que
autoriza o Presidente da Câmara Municipal a ingressar em juízo exatamente em
processo da mais alta relevância como esse relacionamento com o horário de abertura
e fechamento das casa bancárias. Aparentemente, o Projeto faria com que nós não
viéssemos à tribuna para fazer a sustentação, a discussão de um Projeto como
este. Os acontecimentos presentes em relação à controvérsia gerada pela sanção
da Lei Municipal no 5.824, que definiu o horário de abertura e fechamento dos
bancos, faz com que esta Casa se encontre presente como “litisconsorte” passivo
nos mandatos de segurança impetrados pelas instituições bancárias para que, ao
lado do operoso trabalho que certamente será feito pela Procuradoria do
Município, esta Casa se faça representar num assunto em que pensávamos que as
instituições financeiras, sensíveis aos reclamos da população, pelo maior
espaço de atendimento ao público, se submetessem à soberana decisão da Câmara
de Vereadores. É que esta Casa, por larga maioria, quase unanimidade, aprovou o
Projeto de autoria do Ver. Caio Lustosa. Pois hoje tramita nesta Casa, em
Pauta, este Projeto de Resolução que é importante instrumento, na medida em que
traz no seu bojo, a conscientização que se fazia presente nesta demanda
jurídica em que, no exercício pleno da autonomia municipal; a lei municipal ora
discutida em juízo, prevê a abertura das casas bancárias às 10h da manhã. Acho
que, do ponto de vista jurídico, realmente a questão apresenta uma controvérsia
pelo exagero de poderes que o Banco Central possui, hoje, por força da
legislação que rege a matéria, fundamentalmente a Lei n.º 4.595, 31/12/64, que
regula o funcionamento do sistema financeiro nacional. Mas, ao lado dessa lei
centralizadora, deste excesso de poderes deferidos à União, ao lado dessa
legislação existe, isto sim, o princípio legal jurídico, e fundamentalmente
político da autonomia Municipal. Por essa razão, entendemos que o exercício
dessa autonomia deve-se fazer de forma plena, por parte desta Casa, fazendo com
que ela integre a lide, a demanda judicial, fazendo ver os pontos de vista que
levaram com que esta Casa aprovasse o Projeto de autoria do Ver. Caio Lustosa,
que determina o horário de abertura e funcionamento das casas bancárias. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes
Dutra (desiste); Ver. Nei Lima (desiste).
EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Primeiro Vereador inscrito, Ver. Frederico Barbosa, está com a palavra.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A população de Belém Novo e do Lami continua na mesma angústia e
com o mesmo problema já absolutamente caracterizado nos doze primeiros meses da
administração municipal, que é o absoluto e total esquecimento da Zona Sul de
Porto Alegre, principalmente no que diz respeito a problemas de buracos,
necessitando de ensaibramento e patrolamento, tendo em vista que é uma área
completamente carente de calçamento ou asfaltamento. Hoje, ingressar em Belém
Novo – eu estou dizendo isto há doze meses – é mais ou menos como ingressar na
Câmara Municipal de Porto Alegre, pelo caminho que lhe dá entrada. Não há
nenhuma diferença e quem fotografar uma cratera numa rua de Belém Novo ou estas
que estão aqui na entrada da Câmara, - que foram relativamente salvas quando o
Secretário Zanella mandou colocar alguma brita – não encontrará, repito,
nenhuma diferença, se não existir, na foto, indicação do local. A Administração
não se preocupou em tapar buraco em passar patrola nas ruas de Porto Alegre. E
já se vai para o 13º mês – de sorte ou de azar – mas já vai para 13º mês de
administração! Será que vão chegar ao
fim do período repetindo que estão trabalhando, ainda, em cima da herança
deixada pelos governos de vinte anos? Já participei do governo - e digo com
muita honra – e já vi governos do tempo da ditadura olharem muito mais para
Porto Alegre do que o atual governo levado à Prefeitura pelo voto popular. Que
falem os moradores do Lami e os moradores de Belém Novo porque os outros
bairros, todos, em conjunto, já estão falando ao Executivo Municipal que não
têm recebido nada daquilo que foi prometido; que não existe nada de palpável à
população principalmente do extremo sul da cidade de Porto Alegre. Se existisse
boa vontade, pelo menos uma patrola passaria por lá. Ora, no Lami, todo sabe,
passam caminhões de alta tonelagem da empresa Avipal, por exemplo: a Saibreira,
exatamente de onde se tira o saibro para o Município, pois lá se enxergam, se vêem e se sentem os buracos. Belém Novo,
nem se fala: a Praça Central está esquecida há muito tempo. E um convite
especial ao Prefeito, que fez um mutirão, em Belém Novo, para ingressar na
praça, de automóvel, e não a pé, para sentir o que lá está acontecendo. Ora, o
povo de Belém Novo ouviu, de viva voz, do Secretário da SMOV, que a atual
Administração optou entre tapar buracos, e participar do calçamento
comunitário; em retirar as máquinas da área, de tapar buracos e ajudar no
calçamento comunitário. Agora, a pergunta é como fazer, nesta nova tese do
Executivo Municipal, para que Belém Novo e Lami sejam, pelo menos,
transitáveis, depois das chuvas, com o barro e, antes das chuvas e do calor,
com a poeira e os buracos. Lá está instalado um verdadeiro inferno na cidade de
Porto Alegre em matéria de vias públicas, e a Administração está olhando o
tempo passar. A população de Belém Novo que deu, segundo um Vereador da Bancada
do PDT, 80% da votação dessas duas localidades para o Prefeito Alceu Collares,
deve estar radiante com o que fizeram: votaram pelos seus próprios buracos,
pelo futuro no meio da sujeira, pois, na verdade, as praças estão sujas,
abandonadas, principalmente a Praça Central de Belém Novo onde o Ver. Paulo
Satte, se o desejar, poderá receber um convite deste Vereador, para que, em
conjunto, pudéssemos localizar a Praça Central, já que ele sendo da Zona Norte,
não freqüenta a Zona Sul e não conhece os problemas. Espero que, em breve, o
Ver. Valdir Fraga, que tem residência naquela zona e o Ver. Nei Lima, que mora
a 150m da Praça, resolveram indicar o caminho da Praça Central de Belém Novo ao
Ver. Paulo Satte, pois ela está solta nesta Administração sem nenhum reparo.
V.Exa. Ver. Nei Lima, poderia ajudar-me e assim não ficaria suspeita a ida do
Ver. Secretário Paulo Satte comigo para conhecer Belém e até mesmo se encantar
com as suas praças para a qual ele está se empenhando para que elas continuem
sujas como estão.
O Sr. Nei Lima: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Frederico, não acompanhei o teor de seu
discurso.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Buracos e sujeira nas praças
da administração que V.Exa. participa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede que V.Exa.
conclua.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu concluo no momento em que
o Ver. Nei Lima concluir o aparte.
O Sr. Nei Lima: Ver. Frederico Barbosa,
voltarei breve.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço. Encerro, Sr.
Presidente, agradecendo pela advertência do tempo consumido a mais. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli): Próximo
Vereador inscrito em Explicação Pessoal é a Ver.ª Teresinha Chaise. Ausente.
Ver. Nei Lima, V.Exa. tem cinco minutos.
O SR. NEI LIMA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, Ver. Frederico Barbosa, confesso que não ouvi seu discurso, mas
posso deduzir tal é abandono que se encontra a Zona Sul de Porto Alegre. Não só
Belém Novo: Guarujá, Ipanema, Tristeza, Assunção, Cristal, Cavalhada. E como
V.Exa. sabe até não gosto muito de falar sobre os problemas da SMAM porque
parecia algo pessoal entre a pessoa deste Vereador e o Ver. Paulo Satte. Nesta
administração nada pedi, nada solicitei. Quero dizer que se a praça de Belém
Novo está mais ou menos ou bem, às vezes, é por que este Vereador, por incrível
que pareça, tem pedido ao DMLU para fazer um serviço que não é tarefa dele.
Portanto, não gostaria de falar sobre os problemas da SMAM. E, diga-se de
passagem, quem vai para a Zona Sul, por qualquer das vias desta Cidade é
obrigado a encontrar verdadeiros matagais. Hoje soube de uma entrevista do
futuro Dep. Federal José Antonio Daudt em que criticava o DMLU por não executar
a capina de certas praças e ruas. Aqui vai um desagravo à pessoa do Diretor do
DMLU: não se tarefa do DMLU limpar praças fazer capinas, canteiros, flores e,
sim, tarefa própria da SMAM. Venho neste desabafo, pois até fui provocado pelo
Ver. Frederico Barbosa. Uma aprovação que ele faz com profunda razão, com
inteira razão. Quero-lhe dizer, Ver. Frederico Barbosa, que não só que aos
buracos da Zona Sul, há o mau recapeamento das estradas e ruas daquela Zona e a
falta de ensaibramento. Nós fizemos um Pedido de Providências para que não
passem mais a patrola sob pena de alguns moradores, brevemente, não terem mais
água. Se não pudermos fazer o calçamento, é preciso que se faça o ensaibramento
daquelas ruas, pois a situação está vergonhosa. Não é mais possível
transitar-se na Zona Sul, ou se pega os matos ou se pega os buracos.
Lamentavelmente, a administração é do meu governo, mas sou obrigado a dar razão
aos Vereadores que vêm a esta tribuna criticar e faço, também, está crítica no
sentido de procurar resolver, de uma vez por todas, esse problema, porque é
impossível viver na cidade como ela está. Se não há mais verbas, a culpa não é
desta Câmara que votou os orçamentos para 1987, visando à melhoria do serviço
público. Nós, agora, queremos fazer as cobranças necessárias. O Sr. Secretário
de Obras terá que providenciar na melhoria das suas máquinas ou, até, na compra
de outras. Aqui nesta Casa esteve o Diretor do DMLU que conseguiu, inclusive,
até financiamento do FINAME e de outras entidades da União que financiam
equipamentos. Está na hora de o Município reequipar-se e precisamos, o quanto
antes, disso. Não vamos mais conviver da maneira como estamos convivendo. No Governo
anterior queríamos votar um Projeto aqui – e olho para o Ver. Hermes Dutra que,
junto comigo, foi dos que mais lutou – projeto de contribuição de melhoria,
para que esta Cidade pudesse, de uma vez por todas, resolver os seus problemas
de calçamento. Então, Ver. Frederico Barbosa, me parabenizo com V.Exa. quando
V.Exa. faz as críticas, e quero dizer a V.Exa. que a minha rua ainda continua
esburacada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Está com a palavra, por
cinco minutos, o nobre Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Nós nos habituamos a ouvir, ao longo do tempo, um termo que quase
virou rotina, que é a chamada proletarização da classe média, com a alegação de
que o Governo, principalmente o Governo Federal, através de uma política
draconiana, proletarizava, dia-a-dia, a chamada classe média do País.
Entretanto, acho que, agora, efetivamente, não está se proletarizando a
classe média, mas está se terminando com a classe média do País. Não sei se
isso é um problema ideológico do atual Governo que, talvez, não queira mais a
existência de classes e tenhamos, então, uma sociedade de classe única. Pode
até ser, ou quem sabe somente duas classes: os muito ricos e os miseráveis.
Porque as medidas que tem tomado o Governo Federal – e o Executivo Municipal
parece que gosta desta doutrina, posto que o último aumento do IPTU mostra
claramente esta intenção, vejam em relação ao imposto de renda, o que é um
fenômeno típico desta questão da classe média. No país ainda se tem o conceito
de que salário é renda, o que é um erro sob qualquer ótica. Mas,
lamentavelmente, esta conceituação ganhou corpo no meio tecnocrático nacional,
pois os tecnocratas do PMDB querendo ser mais do que rei estão, efetivamente, a
massacrar, a desmilinguir, a extinguir a pobre classe média nacional.
Veja V.Exa. que o Governo Federal, no ano passado, como a falsa
argumentação de que precisava cobrar imposto na fonte do chamado sistema de
bases correntes entendeu de apropriar-se daquele valor que a maioria dos
contribuintes tinha de receber e fez um esquema escalonado da distribuição, de
forma que quem tinha 20 mil cruzados a receber, recebeu 1.500 cruzados, ficando
o resto a receber, talvez, no fim do mandato do Presidente José Sarney.
E agora, ao fim do ano, quando se esperava que o governo, num gesto
ético, não digo num gesto bondoso, num gesto caridoso, mas num gesto, ético,
corrigisse as tabelas do desconto para restituição, e mesmo do imposto retido
na fonte, em níveis compatíveis com a inflação, já nem falo iguais, mas que
fossem próximos da inflação, e o Governo Federal dá mais um golpe na classe
média e no trabalhador brasileiro em geral, aumentado em apenas 12,5% as
tabelas de redução de abatimentos – e me parece que nem foi corrigido o imposto
retido na fonte, quando sabemos que tivemos uma inflação oficial de 48,6% e a
real – aquela que sentimos no bolso – ultrapassa seguramente os 80%.
Diante disso, a população brasileira deve começar a questionar, após
ter sido enganada nessas últimas eleições de 15 de novembro, quando votou
maciçamente nos candidatos do PMDB, como Chico Lopes e Luiz Gonzaga Beluzzo que
nada têm a ver com os governos anteriores. Pois são essas figuras do PMDB que
aplicam essas draconianas portarias e decretos no bolso da classe média
brasileira.
Não posso calar-me e talvez alguém pudesse dizer que estou a defender
em causa própria. Longe disso. Mas tal como correu quando da votação do IPTU,
temos a obrigação moral de proteger quem trabalha, quem produz neste país.
Porque esta falsa ilusão populista de que se deve sacrificar a classe média em
favor da população de baixa renda é uma falácia. Porque a primeira coisa que a
classe média faz quando vê o seu poder aquisitivo diminuído é agir no mercado
informal de trabalho onde a população de baixa renda ganha o seu sustento de
empregados domésticos, fazendo a faxina de sua casa. Enfim, este imenso mercado
informal onde as pessoas, muitas vezes, ganham menos que o salário mínimo, mas
conseguem com este ganho o que comer. Mas quando se arrocha a classe média, o
reflexo se dá é neste que perdem a capacidade da parca alimentação que possuem.
Estas questões é que entendo que a população brasileira deve começar a
questionar de uma forma mais profunda. E não só para pensar no golpe que lhe
foi aplicado nas urnas quando, inocentemente, foi levada a votar num plano
ilusório que não existia, mas que, ao sabor aventureiro e oportunista, lhes foi
inculcado que estava ali a salvação do país. É muito triste!
Ao concluir, quero afirmar aos Srs. Vereadores que tenho muito medo da
situação futura no Brasil. Já estamos com o processo produtivo desestruturado,
as vias de distribuição completamente distorcida e os sistemas de abastecimento
viraram sistemas de desabastecimento. Sem falar no fajuto congelamento, porque
está congelado não existe, e o que existe não está congelado. Esta é a triste
realidade com que se depara o povo brasileiro; esta é a resposta que me dá o
PMDB, e é deste Partido que nós devemos cobrar; dos seus pró-homens, que ficam
em Brasília a fazer cartas de boas intenções, quando os brasileiros não estão
interessados nisso. Eles estão interessados, isto sim, em garantir as
conquistas que arduamente tiveram, e que hoje vêem escoar-se pelas suas mãos,
tal qual como se derramássemos água que sai pelos dedos. Estas questões é que
devemos, efetivamente, passar a analisar de uma forma muito refletida, para que
possamos chegar a um consenso comum. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha): Com
a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Novamente os bancos se recusam a abrir os seus estabelecimentos às
10h. Eles que são vigilantes, evidentemente na defesa de seus interesses,
esqueceram-se agora, de devolver as taxas que os usuários dos serviços
bancários pagam a partir do congelamento. Quando houve o congelamento, um mês e
meio após a pressão e as inúmeras queixas dos bancos, o Banco Central do Brasil
expediu uma Resolução, no sentido de que uma série de serviços bancários fossem
cobrados, como por exemplo o pagamento de um título pelo serviço de compensação
e o saque através dos caixas 24 horas. Toda esta série de serviços das
instituições financeiras não tinham custo. Em decorrência da diminuição dos juros
bancários, que passaram a um patamar insustentável de 1%, os bancos disseram
que não poderiam mais prestar estes serviços gratuitamente. Isto fez com que o
Banco Central, atento, vigilante à estrutura do sistema financeiro nacional,
imediatamente estabelecesse uma tabela dos serviços bancários. Pois, agora, os
patamares de juros voltaram àqueles velhos níveis anteriores ao congelamento.
Ou seja, tudo voltou a ser como dantes no Reino de Abrantes e, para nossa
surpresa, aqueles custos que foram estabelecidos permanecem, sem que o Banco
Central, neste momento, seja vigilante o suficiente, na defesa do sistema
financeiro como foi quando o bolso dos senhores banqueiros estava afetado.
Agora, quando a população paga por todos os serviços, que antes do congelamento
não pagava, o Banco Central revoga esta Resolução. O congelamento representou,
então um “plus”, uma sobrecarga em cima do povo brasileiro. Esta é, portanto, a
nossa justificativa para que o Banco Central revogue a Resolução a respeito das
taxas de prestação de serviços estabelecidas a partir de abril de 1986. O Banco
Central foi vigilante no sentido de estabelecer esses preços, essas taxas pelos
serviços quando os juros caíram de 12, 15% para 1%. Mas, agora, os juros
voltaram a 10, 12 e 15%. Esperamos que o Banco Central expeça nova Resolução
para revogar aquela que estabelece taxas para todos os serviços bancários para
que o povo não seja, uma vez mais, sobrecarregado. Aquilo que era uma
esperança, que era o congelamento, nos trouxe, hoje, a uma situação muito pior
do que era antes de fevereiro de 86. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói
Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A Nova República, a “Republiqueta do Cruzado”, está levando a nação
ao desespero. Se compulsarmos o valor do salário mínimo dos trabalhadores, nós
vamos convir, com base em informações especializadas, de que nunca, na história
deste País, o salário foi tão inapto para a tender às necessidades básicas da
população brasileira, dos assalariados. Pois o salário mínimo, o salário mínimo
que fez 51 anos de existência, é o menor salário mínimo da América Latina, e é
o menor salário de toda a história brasileira; os demais salários, se
estabelecermos a relação poder de compra-salário, vamos ver que nunca na
história deste País os trabalhadores passaram por situação tão difícil. Não há
precedentes na história brasileira e há uma anestesia no País olhando para a
Constituinte. Há uma verdadeira anestesia, um verdadeiro silêncio da nação
olhando para a Constituinte como se a Constituinte pudesse resolver os
problemas que enfrenta a nação. Mas e a dívida externa? E a dívida interna? E
as eleições diretas? Espero que esta Constituinte composta de conservadores – e
haveremos de ver quando elaborarem a Constituição – será que esta Constituição
vai colocar eleições diretas em 88? Eu indago, teremos eleições diretas em 88?
É bom que se diga que o General Figueiredo queria eleições diretas em 88 e
parece que setores da Nova República não querem. Mas o Presidente Figueiredo,
ditador no final da ditadura, é bem verdade, queria encaminhar um Projeto ao
Congresso Nacional estabelecendo eleições diretas para 1988. E nós da Oposição
do PDT, o PMDB, o PT, o PC do B e os Partidos políticos não aceitamos. E agora
pergunto: e as Diretas? Não interessa mais fazer Diretas? E a situação
econômica, social, salarial deste País onde é que está? Nunca se esteve tão
mal, nem na ditadura, a ditadura que nós combatemos e que apodreceu é bem verdade.
Até diria que ela não chegou a cair; ela foi apodrecendo porque a grande
cruzada nacional, a cruzada das Diretas já se deu num período em que as forças
repressoras comprometidas pelos seus erros e pelos seus equívocos já tinham se
esvaído. Então, estamos vivendo esta situação em nome de quê, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores? A Nação toda foi às ruas para manter o “status” existente.
Fica aqui a nossa manifestação quando o salário mínimo nesta semana completou
os seus 51 anos de existência, para dizer que o salário mínimo pago, hoje, a
milhares de trabalhadores é o menor da história brasileira e o menor da América
Latina. É o menor que o dos “paisinhos” dos Andes. Fica aqui a indagação que
vamos fazer permanentemente: teremos eleições diretas em 1988? O PMDB, a partir
de fevereiro, terá maioria no Congresso Nacional e esperamos que, no fim do
ano, possamos ter e eleições diretas, porque Figueiredo queria eleições diretas
em 88. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores
para a Sessão Extraordinária a seguir.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h10min.)
* * * * *